Já reparou que todas as histórias tem características semelhantes? Isso acontece porque nós gostamos de um tipo muito específico de história! Aprenda neste vídeo as 15 etapas que devem existir em qualquer história que você esteja criando. Dessa forma você usará uma estrutura mais do que reconhecida e adorada pelo público!
Se você passou pelas 4 aulas anteriores e está pronto para realmente estruturar seu livro, está na hora de aprender as 15 etapas indispensáveis da sua história. Para começar essa etapa, você deve: ter construído sua frase matadora e confirmado sua qualidade com pessoas desconhecidas; ter lido e assistido várias histórias com temas semelhantes à sua; ter criado o herói e o vilão perfeitos, com objetivos fundamentais e grandes conflitos.
Mais uma vez, vou utilizar a estrutura do Blake Snyder. “Mas Fabio, não é uma estrutura para filmes?” Sim, mas pegue livros para jovens adultos publicados recentemente e compare com as etapas que mostrarei aqui. Quer dizer, praticamente todos os best-sellers seguem esta estrutura também. Então é uma estrutura para narrativas, e não só para filmes, OK? E a importância de ter uma boa estrutura é que, independentemente de quem for ler o seu livro (sejam seus amigos, sejam os editores de uma grande editora), a pessoa perceberá que sua história foi bem criada e, mesmo que ela busque defeitos, dificilmente conseguirá apontar um.
Snyder chama essa estrutura de Beat Sheet, e eu vou colocar para download para vocês um arquivo com esse Beat Sheet para você só preencher e estruturar seu livro, já com número de páginas para cada etapa. Legal né? E fácil.
Download de modelo de Beat Sheet (Folha de Ritmo em português)
As etapas são:
Para cada etapa dessas, você irá escrever uma, no máximo duas frases explicativas. A ideia é igual à da frase explicativa: se você não consegue explicar uma etapa de forma rápida e simples, existe um problema aí, e as pessoas não vão gostar.
Snyder divide as etapas em páginas de script, e ele oferece 110 páginas para você escrever. Como com livros a situação é diferente, dividi em percentual. Se você usar o arquivo que eu coloquei para download, ele fará essa divisão automaticamente assim que você definir quantas palavras o seu livro terá. Mais sobre isso no próximo vídeo! O importante é que sua história mantenha a proporção, e por isso eu usei percentual.
Não importa o nome das etapas. Todas as histórias tem (ou deveriam ter) essas etapas, e você vai entender logo, logo. Vamos lá, uma pro uma:
Passa a primeira impressão que o seu filme passará: seu tom, humor, tipo de filme.
A abertura mostra o ponto de partida do herói, uma imagem de “antes de tudo acontecer”, que será comparada depois com a imagem final, de “depois de tudo”. A imagem inicial e a final devem ser opostas, mostrando as mudanças dramáticas pelas quais o personagem passou. Por exemplo, é comum que se leia a primeira e a última página de um livro, para ter uma ideia rápida da evolução dos personagens. Tente fazer isso também! Mas a ideia é fazer com que a pessoa perceba, rapidamente, que a sua história será uma boa história.
Em algum lugar das primeiras páginas do seu livro, alguém irá fazer uma pergunta, ou irá afirmar algo (normalmente para o seu herói), que definirá o tema da história. Coisas como “Cuidado com o que você deseja!”, “Sua família é mais importante que dinheiro!”, etc, alguma coisa que o herói não perceberá/entenderá a princípio, mas que terá grande impacto depois. O resto do livro se desenvolve a partir dessa pergunta/afirmação, a fim de discuti-la, certo ou errado, a favor ou contra.
O primeiro um décimo do seu livro é a preparação, ou o set-up. Essa preparação é que precisa de fato prender o seu leitor. Não adianta ter uma boa primeira página se os primeiros capítulos, em geral, são confusos e pouco chamativos.
Nessa etapa, você deve apresentar ou mencionar da melhor forma possível todos os personagens da história principal, ou História A (guarde esse nome! É importante!), que é externa ao personagem. Aqui também você deve colocar todos os tiques, todas as falhas, características do personagem principal que serão abordadas depois, para mostrar como e por que ele precisa mudar para vencer na vida.
Faça uma lista das Coisas que Precisam ser Consertadas. Até umas 5 coisas está bom, né? Elas precisam aparecer de alguma forma. E devem se tornar assunto recorrente – os problemas do personagem, e os comentários dos coadjuvantes, muitas vezes fazem referência a essas características).
Parece coisa demais? Mas é importante. Não significa que você deve escrever um parágrafo explicando cada uma dessas coisas. Mas escrever, por exemplo, que “o quarto do personagem está desarrumado, como sempre” já mostra que ele é descuidado.
É o momento que fará a sua história se desenvolver: a esposa pede divórcio, alguém liga dizendo que o pai morreu, é demitido, descobre que está sendo traído, etc. É o acontecimento que irá derrubar o estilo de vida atual do seu personagem, estabelecido nas primeiras páginas. Deve ser algo que acontece com todos nós, eventos que mudam nossas vidas. Normalmente o catalizador não é uma coisa boa, mas é exatamente aquilo que levará nosso personagem à felicidade no final da história.
É muito comum escrever demais sobre a preparação, a primeira imagem, etc, e o catalizador ser empurrado mais pra frente., saindo da posição de 10% da história. Isso não é uma boa ideia. Uma abertura muito longa também é desagradável e mostra que você está dando detalhes demais nas primeiras páginas e seu leitor vai achar que sua história é, na verdade, vazia. Se isso aconteceu com você, diminua suas páginas, corte o que for desnecessário, e coloque o seu catalizador na posição ideal. Acredite em mim: é importante.
Essa etapa é intrigante. é o momento em que seu herói vai pensar “isso é loucura”, “será que eu vou? Será que não?”, “É perigoso, mas eu tenho alternativa?”. Ele irá debater, mesmo que com ele mesmo, se deve seguir essa história ou não.
O debate deve propor uma pergunta, mesmo que não de forma clara, mas deve estabelecer esse momento em que o personagem tomará uma decisão sobre o que fazer agora que sua vida foi virada de cabeça para baixo.
Exatamente aos 25% do seu livro, você terá a quebra para o Ato 2. É exatamente aqui que seu personagem irá abandonar de vez o seu velho mundo e mergulhar de cabeça no novo mundo surgido com o catalizador.
É muito importante lembrar que o seu personagem não pode ser enganado e atraído para o Ato 2, ele deve tomar essa decisão voluntariamente. Por isso ele é um herói: ele é pró-ativo, e decide salvar o mundo por vontade própria. Se não, ele é só um mosca morta, e ninguém gosta de heróis mosca-morta.
Normalmente, a História Paralela é a história de amor, ou seja, uma história interna do personagem. E ela costuma carregar o tema do livro. A ideia é que essa história de amor vai amaciar todas as mudanças surgidas com a quebra para o Ato 2. É um novo mundo, com muitas coisas acontecendo, e o personagem conhece alguém interessante, se sente atraído, e isso facilita a vida dele nessa nova etapa.
Normalmente a História B traz um novo conjunto de personagens. Muitas vezes não são apresentados na História A. Inclusive, normalmente eles são o oposto do que conhecemos na história A.
A História B é indispensável. Ela não só traz a história de amor, como é um espaço para discutir o tema do seu livro, além de ser o desvio ideal da História A no início do Ato 2.
Essa é a etapa que “Cumpre o prometido”. Nos filmes, é o que a gente vê no pôster. Nos livros, é o que vemos nas chamadas, na contracapa. Nessa etapa o escritor não se preocupa em fazer sua história andar de verdade, é uma etapa de diversão, é o motivo que fez seu leitor ler o seu livro.
Mais uma vez, esta é a parte que se espera encontrar em uma história. Se sua história é um romance romântico, então este é o momento em que os personagens começarão a fazer coisas juntos. Se for uma aventura, aqui eles irão viver as aventuras de fato. Em meu livro, Beije-me em Barcelona, que é uma história romântica e de viagem, este é o momento em que os personagens passeiam pela cidade europeia e começam a se aproximar um do outro.
A metade da sua história deve ser uma das coisas. Basicamente
Aqui acabam as brincadeiras e volta a história principal. Essa etapa é o exato oposto da etapa 11. Tudo está Perdido, que veremos daqui a pouco.
Essa é a etapa em que as coisas começam a dar errado de novo para o herói. Estava tudo indo muito bem, e o vilão (seja uma pessoa, grupo, fenômeno, doença…) se reorganiza e resolve atacar. Aqui surgem brigas internas, inveja etc, que começam a destruir o time “do bem”.
Por fim, nessa etapa as forças negativas se juntam contra o herói, tanto externamente (vilão) quanto internamente (amigos, etc.). Em uma história com final triste, pensa em como funcionam os filmes de terror. Depois de um susto maior no meio da história, os personagens acham que encontram uma solução, chamam um exorcista, fazem uma simpatia, para lutar contra o mal, e parece dar certo por um tempo.
Tudo está perdido é quando:
Parece uma derrota total, apesar de não ser. Muitas, muitas vezes, esse é o momento em que alguém morre na história, e a gente pensa “pronto, agora acabaram as chances de dar certo”.
Muitas vezes, quem morre é um mentor ou alguém importante, que o herói considerava essencial. A ideia aqui, muitas vezes, é para o herói perceber que ele sempre teve o poder para vencer, ele só precisava descobrir isso. E a morte da pessoa vem para provar isso para ele.
Isso não significa que na sua história alguém tem que morrer. Mas alguma coisa tem que morrer, e levar com ela as esperanças do personagem principal. Pode ser um relacionamento terminando, uma empresa falindo, uma flor morrendo (A Bela e a Fera?) e por aí vai.
O nome, anoitecer da alma, é para dar essa ideia de que seu herói, no fundo do poço, se vê na escuridão total, abandonado e sem saber o que fazer. Sabe aquela ideia de que a noite é mais escura logo antes de amanhecer? Pois é. É isso aí, só que em narrativa.
E então, lá no fundo da sua alma, seu herói vai encontrar aquela última e melhor ideia que salvará todo mundo.
A ideia é que o herói admite sua humanidade, e sua humildade diante dos eventos incontroláveis do destino. E só assim ele é capaz de aprender uma lição e encontrar uma solução.
Esta solução que o herói encontra é a quebra para o Ato 3, que é o final da história. Com a ajuda dos personagens da História B, com tudo o que o herói aprender na História B e com a pressão dos vilões na História A, surge a ideia perfeita.
As Histórias A e B vão se juntar aqui para que o herói aplique a solução final. Isso acontece quando, por exemplo, o interesse romântico do herói faz com que ele perceba o que está acontecendo e o ajude a derrotar os vilões e ganhar seu coração de uma vez por todas.
Finalmente, o Ato 3. Aqui, todas as histórias se juntam. As lições aprendidas durante a história são usadas. Os tiques e erros do personagem são superados, as duas histórias caminham para o final triunfal.
Aqui, todos os vilões são derrotados, em ordem crescente. O chefe é o último. E então, surgirá uma nova sociedade. O herói não só triunfa, como muda o seu próprio mundo.
Claro que isso deve ser feito de uma forma emocionalmente satisfatória para o leitor.
Aqui, temos a imagem oposta à Imagem Inicial. Aqui você vai provar que a mudança realmente aconteceu, que foi tudo real. Se você tiver dificuldades aqui, é porque alguma coisa ficou errada lá atrás. Volte no seu Ato 2 e reveja como você lidou com a história.
Faça o download da Beat Sheet (Folha de Ritmo) e preencha, com frases simples e curtas cada uma das etapas. Defina, no topo da tabela, a quantidade de páginas que gostaria de escrever em seu livro e veja a tabela ser preenchida quantas páginas e/ou palavras você deve escrever para cada etapa!
Download de modelo de Beat Sheet (Folha de Ritmo em português)
1 Comment
O link da planilha ta quebrado!