Mirian da Silva Cavalcanti é escritora e vive na região do Caparaó. Também premiada no Funcultura 2016 com o livro Femina, Feminae, a ser publicado.
Li, certa vez, que uma história bem contada é tudo que se espera de um bom romance. E concordei inteiramente ante a parcimônia/simplicidade da colocação. Acrescentaria um detalhe, a meu ver precioso: diálogos espontâneos, vivos. É o que se constata em Beije-me em Barcelona, de Fabio Paiva Reis.
É curiosamente envolvente a história de amor e separação de um jovem casal, que ensaia, longe no tempo e no espaço, uma reaproximação. Esse “curiosamente envolvente” corre por conta da não aposta em algum enredo denso ou dramático, mesmo considerando a infeliz atitude do personagem Isaque, que, anos antes, imprimira marcas dolorosas à separação do par.
Ao longo do desenrolar da história, acompanha-se toda a autocrítica e insegurança do personagem, que, em um clima em que se respira juventude, vai revelando ao leitor a encruzilhada em que se sente plantado a partir das próprias ações. Juventude, aliás, que vem a ser o delicioso pretexto para nos apresentar uma atraente Barcelona nos quatro últimos dias de 2011, além de despertar um interesse paralelo quanto à vida de jovens estudantes brasileiros em cidades portuguesas.
Promissora estreia de Fabio Paiva Reis, ao revelar a capacidade de nos tomar pela mão e, em meio às incertezas amorosas de um jovem par, fazer com que nos sintamos igualmente jovens a passear por ruas e becos e praças de um velho continente.
Mirian S. Cavalcanti.
Capa de Femina, Feminae, de Mirian Cavalcanti.
Carioca, vivendo na serra do Caparaó capixaba desde 1993. Aos 65 anos, com o romance Confraria Van Gogh, incorporou de vez à sua vida isso de escrever, essa aventura de ouvir personagens que não dão a mínima atenção ao que tenta determinar para eles. Crê na arte como ponte entre os povos, apesar da lavagem cerebral da globalização.
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