Citação em tese de doutorado da pesquisadora Juliana Sabino Simonato, defendida da UFMG.
Trechos:
Não posso deixar de agradecer a Fábio Paiva Reis, que conheci durante o doutoramento, mas que muito me auxiliou ao enviar fontes de pesquisa, ler meus textos e discutir comigo um pouco de história colonial do Espírito Santo.
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Posteriormente, [Felipe Guillen] desempenhou a função de provedor da Fazenda em Porto Seguro. Sobre seus esforços, na organização de um roteiro para a Serra das Esmeraldas, o historiador registrou:
De acordo com a carta190 a Serra Resplandecente se encontrava próxima a um grande rio, segundo relato de alguns nativos. Além disso, curiosamente, ela ficaria em latitude semelhante à de Potosi, onde as riquezas minerais já haviam sido encontradas. Guillén não só relatou o caso ao Governador geral , mas também, como nada desejava mais do que gastar a vida em serviço de Deus e Sua Alteza se prontificou a ir ao sertão encontrar pessoalmente o local, tomando o cuidado de preparar um roteiro de ida e vinda. Tal entrada não foi realizada, mas é interessante notar a disposição do castelhano a serviço da Coroa portuguesa em fazer a viagem (Grifo nosso) (REIS, 2011, p. 26).
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Nessa mesma vertente da aplicação das práticas governativas da monarquia portuguesa, identificamos outro documento210, que nos reporta ao que Paiva (2013, p. 265-266) denomina de discursos da tradição paulista. O português Marcos de Azeredo, foi responsável por disseminar, como assevera Reis (2011, p. 47), o mito da existência da Serra das Esmeraldas, recebendo pelos “bons serviços” prestados uma tença211. Segundo o historiador,
Não se sabe como e onde morreu (supõe-se que entre 1618 e 19, na prisão), mas declara-se, em documento de 1636, que não voltou a encontrar a Serra. Seu roteiro, porém, foi seguido por diversos sertanistas, inclusive o próprio Fernão Dias que, em sua última expedição, disse em carta ter encontrado algumas ferramentas, atribuindo-as a Marcos de Azeredo (REIS, 2011, p. 48).
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As indicações historiográficas demonstram que ao fim e ao cabo, as minas de ouro não foram encontradas, ainda que algumas pedras, consideradas valiosas, tenham sido localizadas. Segundo Reis (2011):
A Serra foi, de fato, uma das lendas mais extraordinárias e duradouras do período colonial brasileiro, mesclando tradições indígenas e europeias, com reflexos na interiorização da colonização, estabelecimento de contato com tribos indígenas, aberturas de rotas pelo sertão e aproximação de súditos da colônia com a Coroa. O desejo pelo fantástico moveu as expedições sertanistas por séculos, mas nunca seria concretizado (REIS, 2011, p. 125).
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GOMES, Antônio Carlos Sant Ana & REIS, Fábio Paiva. Cartografia Histórica. Estudos Capixabas. Vitória: IHGES, 2013.
REIS, Fábio Paiva. A Serra das Esmeraldas: Cartografia, imaginário e conflitos territoriais na Capitania do Espírito. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2011.