Citação em tese de doutorado do pesquisador Gabriel Angra Ghidetti, defendida no Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas da Universidade Federal do Espírito Santo.
Trecho:
Dessa maneira, da escala reduzida de um grupo de índios num navio que sondava o litoral da capitania, aumentamos para o campo de visão amplo, onde acontecia a disputa pelas rotas que envolviam o Atlântico, tendo o Espírito Santo como principal referência. A cartografia, inclusive, ajudou a construir o discurso de poder sobre o território, como um atestado de que determinada parte estava, já, sob um domínio assegurado e graficamente representado.
Sobre a cartografia, Fabio Paiva Reis afirmou: “A cartografia portuguesa, que servia como discurso político, é fruto do desenvolvimento científico que acompanhou o Renascimento, que permitiu que os europeus se desgarrassem das costas de seu continente e conhecessem os oceanos. Permitiu ainda que eles conseguissem encontrar, através dos astros, sua posição na terra e no mar, e também colocá-las no papel, mudando a forma dos europeus verem o mundo.” Cf. REIS, Fabio P. As Representações Cartográficas da Capitania do Espírito Santo no Século XVII. Tese de doutoramento em História. Universidade do Minho, 2017, p. 62
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Numa aproximação do mapa, vê-se assinalado o vocábulo “forte” exatamente nos dois lados (“b” e “c”) da entrada e, a partir do caminho sugerido pelas setas vermelhas, compreende-se o nível de visão que tinham os índios e demais homens de defesa para a preparação de um possível contra-ataque, como de fato foi narrado pelos cronistas. Acrescente-se, ainda, que esses fortins ficavam camuflados pelos matos e isso iludia ainda mais os estrangeiros sobre a segurança da vila. 150 Além disso, a presença do Morro do Moreno (a), como afirma Fabio Paiva Reis, “sempre serviu como posto de observação e foi ponto essencial na estratégia de defesa contra inimigos, especialmente Thomas Cavendish em 1592, quando o morro foi posto em chamas”.
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REIS, Fabio Paiva. As Representações Cartográficas da Capitania do Espírito Santo no Século XVII. Tese de doutoramento em História. Universidade do Minho, 2017.