Barbara Mundy, em seu livro The Mapping of New Spain (“O Mapeamento da Nova Espanha”, em tradução livre) discute de maneira cuidadosa o posicionamento de Filipe II à cabeça do grande império espanhol durante a união das duas coroas. Ela defende, ainda nas primeiras páginas de seu livro, a seguinte afirmação:
“Knowing was predicated on seeing”. (O saber estava baseado no ver)
A afirmação é especialmente válida para o fim do século XVI e séculos seguintes. Antes da descoberta do Novo Mundo, o Império espanhol era paupável: uma viagem pela Espanha demorava alguns dias, a viagem até os Países Baixos (antes da indepenência) pela estrada espanhola demorava poucas semanas, e os súditos tinham acesso direto, mesmo que poucas vezes, ao rei. Porém, quando Filipe II assume o trono, seu Império é gigantesco. A América espanhola é tão grande e está tão distante que impede qualquer tentativa de ser visitada pessoalmente.
Reinando sobre terras muito distantes, Filipe II precisava encontrar uma maneira de governar seu Império. Ele, talvez mais que os outros monarcas europeus do mesmo período, valorizou a cartografia como algo indispensável para a manutenção de suas regiões. Educado no estudo da cartografia, a História mostra que ele conseguia inclusive fazer seus próprios rascunhos. Levando isso em consideração, Filipe II tinha acesso a centenas de textos e cartas sobre o Novo Mundo que chegavam constantemente à corte espanhola, mas a verdade é que os mapas eram vistos como o complemento ideal a essa produção textual.
Enchergar o Novo Mundo à distância era essencial, e a cartografia tinha o trabalho de resumir as principais informações que chegavam da América em imagens. Como vimos acima, o saber estava mesmo baseado no que era possível ver.